EXPLORANDO IDEIAS
Artigos de Vander Luiz Rocha
A Anatomia das "Fake News"
Como as notícias falsas enganam e manipulam a opinião pública.
As notícias falsas, também conhecidas como "fake news", são construídas com o intuito de enganar, manipular ou influenciar a opinião pública, muitas vezes parecendo verdadeiras devido ao uso de estratégias específicas que exploram a psicologia humana, a credibilidade de fontes e como as informações são apresentadas.
Os inconsequentes, com interesse escuso, frequentemente citam fontes que parecem legítimas, como supostos especialistas, instituições renomadas ou dados estatísticos. Mesmo que essas fontes sejam inventadas ou distorcidas, a menção a elas confere um ar de autoridade à notícia.
O uso de imagens reais, mas descontextualizadas, ou a edição de vídeos para distorcer fatos, é uma técnica comum. Como as pessoas tendem a acreditar mais no que veem, o uso de elementos visuais reforça a ilusão de veracidade, como exibir atendimentos emergenciais em tendas na guerra no Líbano, como sendo precariedade do SUS, no Brasil.
As notícias falsas frequentemente exploram emoções fortes, como medo, raiva ou indignação, sensacionalismo. Títulos alarmantes ou conteúdos que provocam reações intensas são mais propensos a serem compartilhados, mesmo sem verificação.
São construídas para reforçar crenças preexistentes de determinados grupos. Quando uma notícia confirma o que alguém já acredita, a tendência é aceitá-la como verdadeira sem questionamentos.
As notícias falsas copiam o estilo de veículos de comunicação tradicionais, com manchetes impactantes, abertura bem elaborada e linguagem formal. Isso cria a ilusão de que a informação foi produzida por profissionais.
Incluir dados precisos, nomes, datas ou locais pode tornar a notícia mais convincente. Esses detalhes, mesmo que falsos, dão a impressão de que houve apuração cuidadosa.
Em crises, como desastres naturais, pandemias ou instabilidade política, as pessoas estão mais propensas a buscar informações rapidamente e acreditar em notícias que prometem explicações ou soluções imediatas. O exemplo recente foi na pandemia do corona vírus, em que foi divulgado que o medicamento hidroxicloroquina produzia tratamento eficaz, o que é falso.
Em períodos de incerteza, a proliferação de desinformações é maior, por haver uma corrida por respostas, e nem todos conferem a autenticidade das notícias.
As plataformas digitais são o principal meio de propagação de inverdades. Os algoritmos priorizam conteúdos que geram engajamento, favorecendo a virilização de notícias sensacionalistas ou polêmicas.
Grupos organizados ou robôs digitais são usados para disseminar alarmes inverídicos em larga escala, criando a impressão de que a informação é amplamente aceita ou discutida.
Muitas pessoas não checam a veracidade das notícias antes de compartilhá-las, especialmente quando estão em ambientes digitais onde a velocidade de disseminação é prioritária.
Quando uma mentira é repetida várias vezes, por diferentes fontes ou pessoas, ela ganha uma aparência de verdade. O chamado "efeito de ilusão da verdade" faz com que as informações repetidas sejam mais facilmente aceitas.
Meias-verdades misturam fatos com informações falsas, o que dificulta identificar o que não é verdade. Por exemplo, uma notícia pode citar um evento real, mas distorcer suas causas ou consequências.
Notícias falsas frequentemente se aproveitam de acontecimentos recentes ou temas em alta para ganhar relevância e credibilidade: exibir fotos de combate na Ucrânia como sendo conflito na fronteira do Brasil com a Venezuela, já ocorreu.
As notícias falsas são construídas com base em uma combinação de técnicas que exploram a credulidade humana, a falta de verificação e o ambiente digital propício à disseminação rápida. Para combatê-las, é essencial promover a educação midiática, estimular o pensamento crítico e incentivar a checagem de fatos por meio de fontes confiáveis.
A conscientização sobre como as "fake news" são elaboradas é um passo importante para reduzir seu impacto na sociedade.